g1 -22/03/2024 22:21
A incidência de casos de dengue no Brasil em 2024 superou
muito um índice que os especialistas consideram alto. É mais que o triplo. Na
casa da dona de casa Ivani Celestino Teixeira, quase todo mundo teve dengue na
mesma época.
“Eu tive dengue, meu neto, meu filho, minha filha e meu
marido. Eu fiquei com medo de morrer", conta. Na rua onde a família mora,
em Contagem, na Região Metropolitana de Belo
Horizonte, é difícil encontrar alguém que não tenha sido infectado pela
doença.
Geralmente é isso mesmo que acontece: várias pessoas
próximas infectadas ao mesmo tempo. Elas podem, inclusive, ter sido picadas
pelo mesmo mosquito. De acordo com a Fiocruz, uma única fêmea
do aedes aegypti,
que vive em média 30 dias, pode fazer até cinco vítimas em um único dia, no
mesmo lugar. Por isso, o número de casos cresce rapidamente. E situações
como esta também contribuem: em plena epidemia, uma grande quantidade de
possíveis criadouros do mosquito em um terreno.
“Às vezes, você é picado ali na sua casa e aí no outro dia
de manhã vai trabalhar para um lado, o outro vai para o outro, outro vai
estudar e espalha todo mundo. Então, você tem vírus, você tem mosquito na
cidade toda, em todos os estados hoje”, explica Fabiano Duarte Carvalho,
biólogo e pesquisador da Fiocruz.
Esse comportamento do mosquito ajuda a explicar a explosão
de casos que atingiu nesta semana a marca
inédita de 2 milhões e a incidência altíssima da doença:
quase mil casos de dengue para cada 100 mil habitantes - número três vezes
maior do que já é considerado alto por especialistas, que é de 300 casos para
cada 100 mil habitantes.
“O mosquito necessita de sangue para fecundar e dar
viabilidade aos ovos e, por isso, ele precisa picar pelo menos duas vezes, três
vezes ao dia. Nesse período, ele pode infectar cerca de 300 pessoas. Então, é
uma bola de neve”, afirma o médico infectologista Carlos Starling.
No topo do ranking dos locais com maior coeficiente de
incidência de casos prováveis está o Distrito Federal, com quase 6 mil casos
para cada 100 mil habitantes. Em segundo lugar vem Minas Gerais, seguido do
Espírito Santo.
A dona de casa Silvia Rayana Borges, que mora em Anchieta,
no Espírito Santo, está assustada com quantidade de gente doente na cidade. O
filho dela está com dengue e precisou de atendimento médico.
"Ele reclama muito de dor de garganta, dor no corpo”,
conta.
Em Brasília,
até as crianças estão ajudando a combater o mosquito.
“A gente não pode deixar água parada porque pode dar
mosquito da dengue”, diz uma criança.