folha de pernambuco -25/04/2024 22:00
Uma mulher de 43 anos, de Trindade e Tobago, país localizado
no mar do Caribe, convive com a condição genética rara chamada neurofibromatose
NF-1, ou doença de von Recklinghausen, que pode causar a formação de tumores
benignos. Após uma cirurgia de 60 horas, os "caroços",
semelhantes a bolhas, foram removidos de diversas partes do corpo de
Charmaine Sahadeo, como rosto, braços e pernas.
A doença afeta pelo menos uma a cada 4.650 pessoas, de
acordo com um estudo conduzido pelo Reino Unido, no entanto, segundo o médico
responsável pela cirurgia Ryan Osborne, oncologista cirúrgico e diretor do
Osborne Head and Neck Institute, de Los Angeles, nos Estados Unidos, o caso de
Charmaine é o pior que já viu.
"Ela tem uma apresentação incomum de neurofibromatose.
Está literalmente em toda parte. Eu pessoalmente nunca vi uma paciente
clinicamente, e nunca vi uma em um livro, tão grave quanto o de Charmaine. Ela
me parece única", disse, em entrevista ao programa americano de televisão
"Take My Tumor" (ou "Tire meu tumor", traduzido do inglês).
O grande obstáculo encontrado pela equipe médica responsável
por Charmaine foi encontrar uma veia para anestesiar porque grande parte de sua
pele estava coberta de tumores. Por conta disso, não conseguiriam fazer uma
anestesia geral antes da operação.
Ao invés disso, ela recebeu anestesia local em certas
regiões e precisou ficar completamente acordada 13 horas. Assim, ao longo de 10
semanas, foram feitas 24 cirurgias, totalizando cerca de 60 horas.
Aparecimento da doença
Charmaine relata que o aparecimento dos sintomas começou a
se espalhar a partir dos 13 anos, mas pioraram quando engravidou do primeiro
filho, Osíris. A gravidez fez seu corpo ficar completamente coberto pelos
tumores.
Ela sofria para andar, pois a presença de uma grande massa
na perna dificultava seus passos. Além disso, passou a ter problemas
respiratórios, pois alguns dos caroços cobriam parte do nariz. No entanto, de
acordo com seu relato, lidar com outras pessoas tornava tudo ainda mais
difícil.
“Essa condição é muito difícil porque as pessoas
simplesmente gostam de olhar e depois têm todo tipo de coisas negativas a
dizer”, diz a mulher.
O aparecimento da neurofibromatose é de origem familiar,
pois sua mãe também foi diagnosticada com esta condição. Atualmente, ela passa
bem com a nova fase após as intervenções cirúrgicas.
"A vida é cem por cento melhor para mim. Eu amo a minha
aparência agora", afirma a mãe de duas crianças.