cnn -27/05/2025 12:50
O Congresso Nacional acumula 19 projetos apresentados para barrar o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) anunciado pelo governo. Levantamento feito pela CNN mostra que 18 projetos foram protocolados na Câmara e um no Senado.
A maioria das propostas é patrocinada pela oposição, que promove ofensiva para sustar as
medidas. Do total, 15 foram protocoladas por congressistas do Partido
Liberal (PL) e do Novo. Outras três, no entanto, tiveram autoria de deputados
do União Brasil, MDB e do Solidariedade — que compõem a base aliada do governo.
O levantamento considerou matérias apresentadas a partir de
quinta-feira (22), quando o governo anunciou as novas alíquotas, até
segunda-feira (26). Os textos ainda aguardam um despacho dos presidentes das
Casas.
Apesar do movimento da oposição para derrubar as mudanças,
como a CNN mostrou, as chances de uma matéria do tipo ser aprovada são pequenas.
Nos últimos 20 anos, apenas 0,3% dos chamados Projetos de Decreto Legislativo
(PDLs) prosperaram — e, desde 2021, nenhum foi aprovado.
Os PDLs são propostas que regulam ou anulam atos do Poder
Legislativo. Se forem aprovados, esses instrumentos não passam pela sanção do
presidente da República.
O aumento no IOF foi anunciado na última quinta-feira e, no
mesmo dia, contou com um recuo parcial do Executivo. Ante a repercussão
negativa no mercado, o Ministério da Fazenda decidiu revogar o aumento do
imposto para investimentos de fundos nacionais no exterior.
Os projetos apresentados no Congresso miram os dois decretos
sobre o tema — o primeiro, que elevou as alíquotas do IOF, e a outra norma
publicada pouco depois para revogar parte das medidas iniciais. A decisão sobre
despachar e dar andamento aos PDLs cabe aos presidentes da Câmara, Hugo Motta
(Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).
Em recado ao Executivo, sem mencionar a alta no IOF, Hugo declarou que o país não precisa de mais impostos.
"Quem gasta mais do que arrecada não é vítima, é autor. O Executivo não
pode gastar sem freio e depois passar o volante para o Congresso segurar",
disse no X, na segunda-feira.
A intenção do governo com as alterações no IOF mira elevar a
arrecadação para equilibrar as contas públicas e ajudar a zerar o déficit
fiscal ainda este ano. A expectativa é que a medida gere R$ 18 bilhões em 2025
e R$ 37 bilhões em 2026.
Oposição mobilizada
Na Câmara, o líder da oposição, deputado Zucco
(PL-RS), defende que a relatoria do projeto fique com o deputado Nikolas
Ferreira (PL-MG) — o parlamentar é um dos nomes da direita com maior
influência nas redes sociais.
No início do ano, Nikolas foi a figura chave da campanha
contra a proposta do governo sobre a fiscalização de transações do Pix, que
levou o governo a recuar.
Para o líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias
(RJ), no entanto, as chances de aprovação de um PDL que suste os decretos do IOF
são mínimas. Segundo ele, se o Legislativo quiser derrubar as normas,
deverá apresentar uma fonte alternativa de compensação financeira.
"Tenho convicção que a chance de um PDL ser pautado,
votado e aprovado é perto de zero", afirmou Lindbergh em entrevista a
jornalista na Câmara, na segunda-feira.
Em outra frente, a oposição também quer convocar o ministro
da Fazenda, Fernando Haddad, para prestar explicações sobre as mudanças no IOF.
Ao menos três requerimentos para obrigá-lo a ir à Casa foram protocolados e
aguardam análise.
O ministro já tem previsão de ser ouvido pelos deputados no dia 11 de junho em
uma audiência conjunta das comissões de Finanças e Tributação e de Fiscalização
Financeira e Controle. A reunião com o chefe da equipe econômica, no entanto,
já estava prevista antes do anúncio sobre o IOF.