noticias ao minuto -03/06/2025 13:13
Acredito que 70% das pessoas com gordura no fígado não sabem que estão doentes." A declaração é do médico Marcos Pontes, em entrevista ao jornal Metrópoles, destacando um problema de saúde pública que frequentemente passa despercebido: a esteatose hepática. Popularmente conhecida como gordura no fígado, essa condição pode evoluir para doenças graves como cirrose e câncer de fígado, muitas vezes sem apresentar sintomas nos estágios iniciais.
No Brasil, o câncer de fígado é o sexto tipo de câncer mais
letal, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Dados de 2023
estimam cerca de 10 mil novos casos anuais, com uma taxa de mortalidade elevada
devido à detecção tardia da doença. O principal fator de risco está relacionado
a doenças hepáticas crônicas, como a esteatose hepática, que afeta
aproximadamente 20% da população brasileira, segundo a Sociedade Brasileira de
Hepatologia.
Riscos da gordura no fígado
A esteatose hepática ocorre quando o fígado acumula excesso
de gordura, geralmente associado a fatores como obesidade, diabetes tipo 2,
colesterol alto e consumo excessivo de álcool. Se não tratada, pode evoluir
para inflamação crônica, formação de cicatrizes (fibrose) e, em casos graves,
câncer de fígado.
"Ficar muito tempo com a inflamação pode causar
cicatrizes no órgão, levando a problemas mais sérios, como cirrose e até a
necessidade de transplante hepático na idade adulta", alerta o médico.
Sintomas que não devem ser ignorados
Os sintomas de câncer de fígado, por vezes, podem parecer
inofensivos ou relacionados a outras condições, mas a atenção a sinais
específicos é crucial para o diagnóstico precoce. Entre eles estão:
Icterícia: coloração amarelada nos olhos e na pele.
Urina escura ou fezes claras: mudanças na coloração podem
indicar problemas hepáticos.
Coceira na pele: causada pelo acúmulo de bilirrubina no
sangue.
Perda de apetite ou náusea: sintomas comuns, mas que
requerem atenção.
Perda de peso inexplicável: pode ser um sinal de alerta.
Cansaço extremo: associado à falência do fígado em processar
nutrientes.
Caroço no lado direito do abdômen: pode indicar aumento do
fígado ou tumor.
Prevenção e tratamento
A prevenção passa por mudanças no estilo de vida, como
manter uma dieta equilibrada, praticar exercícios físicos regularmente e evitar
o consumo excessivo de álcool. O diagnóstico precoce é essencial e pode ser
feito por meio de exames de imagem, como ultrassonografia, e testes de função
hepática.
Especialistas alertam que pacientes com fatores de risco
devem realizar exames regulares e buscar acompanhamento médico para evitar o
agravamento do quadro.
Aumento dos casos e desafios no Brasil
O aumento da obesidade e do diabetes tipo 2 no Brasil tem
contribuído para o crescimento de doenças hepáticas. Segundo a Organização
Pan-Americana de Saúde (OPAS), mais de 60% da população brasileira está acima
do peso, um dos principais fatores para o desenvolvimento da esteatose
hepática.
"Com o crescimento do sedentarismo e da má alimentação,
estamos enfrentando uma epidemia silenciosa que impacta diretamente a saúde do
fígado e pode gerar complicações graves, como o câncer", reforça o médico.
Ficar atento aos sintomas e buscar orientação médica ao
primeiro sinal de alteração é a melhor forma de preservar a saúde do fígado e
evitar complicações futuras.